
– Uma ultrapassagem indevida, o farol desligado ou ficar ao celular dirigindo é o que estampa a crueldade das estatísticas de violência do trânsito. É um massacre. Temos 45 mil mortes por ano no Brasil que poderiam ser evitadas. As pessoas têm conhecimento, mas não tem a cultura de fazer o certo. É como uma música. Se um não fizer sua parte, pode desafinar todo o resto.
A analogia acima é do diretor-geral do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), Ildo Mário Szinvelski e se aplica à realidade local. Campanhas, vídeos educativos, outdoors informativos ou mesmo bom senso, parecem não terem incutido, em muitos santa-marienses, a noção dos riscos e das sequelas que imprudências ao volante ou a pé podem causar. Somente no primeiro semestre deste ano foram 12 mortes em decorrência de acidentes de trânsito. Segundo o Detran-RS, no mesmo período, foram registradas 32,129 mil infrações na cidade levando em consideração os dados de diferentes meios de fiscalização: agente, equipamento eletrônicos, polícias rodoviárias e outros. São cerca de 178 infrações por dia e duas vidas ceifadas a cada mês.
Nas rodovias ou no Centro, carroças são risco no trânsito de Santa Maria
Anualmente, segundo Szinvelski, o país tem um prejuízo de R$ 50 bilhões em consequência dos acidentes, o que inclui gastos com infraestrutura, saúde, e previdência.
O superintendente de Trânsito e Transportes, Adão Lemos alerta, ainda, para o excesso de velocidade, consumo de álcool e outras drogas na cidade, sobretudo por jovens, e nas rodovias, já que, segundo ele, cerca de 25% dos caminhoneiros usam substâncias ilícitas:

– O problema é muito maior do que aparenta. É preciso educação, caráter e valores para mudar a cultura do comportamento no trânsito.
E, em plena Semana Nacional do Trânsito – que vai até a próxima segunda-feira e é promovida pelo Detran/ RS junto do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e com apoio Escola Pública de Trânsito (EPT) e Centros de Formação de Condutores (CFCs), não faltaram comportamentos inadequados pelas ruas da cidade.
RESPEITO E EMPATIA
Na manhã da última quinta, das 9h30min às 11h30min, a reportagem do Diário percorreu algumas ruas da área central. O que se viu foi a banalização de práticas incorretas. Fizemos um teste por apenas cinco minutos, na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Venâncio Aires. Neste curto espaço de tempo, 21 condutores e 8 pessoas no banco do carona foram avistadas sem cinto de segurança. Próximo dali, na Rua Floriano Peixoto, esquina com a Rua Dr. Bozano, onde há uma faixa de segurança junto de sinaleira, outro teste. Desta vez, com os pedestre. Foram 43 pessoas que atravessaram fora da área demarcada. Houve casos, em que os motoristas tiveram de buzinar e frear para alertarem do perigo de atropelamento.

Sem fiscalização, usuários da rodoviária temem os flanelinhas
Crianças no banco da frente, veículos particulares em vagas e estacionamentos em filas duplas foram vistos.
– Essas práticas não podem ser toleradas. O trânsito é algo coletivo, as leis devem ser respeitadas e as pessoas precisam é resgatar algo que tem se perdido: empatia, se colocar no lugar do outro, pois parece que o acidente só vai acontecer com o próximo– alerta o diretor-geral do Detran.
OS FLAGRANTES
O Diário convidou o instrutor de trânsito, Edelcir Luiz Mainardi, que há 20 anos atua na profissão, para observar e avaliar o comportamento de motoristas e pedestres. Veja (ao lado) alguns flagrantes.
– Em geral, o pior problema é o uso do celular, o avanço de sinal e estacionar em lugar proibido. Se o motoristas procurassem agir de acordo com as regras de conduta, tanto na circulação quanto no estacionamento e nas paradas de seus veículo, teríamos um trânsito mais seguro, funcional e humano. É uma questão de hábito, pois basta escolher por manobras corretas, o que não tem nada de complicado.